A Polícia Civil e o Ministério Público do DF fazem na manhã desta quinta-feira (15) uma operação para cumprir 45 mandados de prisão temporária de suspeitos de fraudar o Sistema de Bilhetagem Automática (SBA) do DFTrans. Até as 8h, ao menos 20 pessoas haviam sido presas.
As prisões são feitas no DF, em Valparaíso (GO), na Cidade Ocidental (GO), em João Pessoa (PB) e no Recife (PE).
Em João Pessoa, o advogado Rodrigo Pinto foi detido nesta manhã em sua residência em Praia Formosa, em Cabedelo. Veículos descaracterizados chegaram sem chamar atenção e prenderam o jurista.
A estimativa da polícia é de que os desvios desde 2014 ultrapassem R$ 1 bilhão. A Justiça autorizou que a investigação tenha acesso ao banco de dados do sistema administrado pelo DFTrans para analisar o tamanho do rombo nos cofres públicos.
Entre os alvos, está o auditor fiscal Pedro Jorge Brasil, preso na operação Check List, deflagrada no ano passado. Segundo as investigações, ele liderava o grupo criminoso. A mulher dele, Hedvane Ferreira, também foi detida.
O auditor é servidor da Secretaria de Mobilidade do DF, com salário líquido de R$ 13.228,46. Ele teria criado empresas fantasmas e se aproveitado da condição de fiscal de atividades urbanas para vincular nestas companhias funcionários falsos que passavam a receber vale-transporte.
A divisão de tarefas era feita assim:
Inseridores: colocavam as empresas fantasmas e os funcionários falsos no sistema do DFTrans, dando início ao esquema;
Validadores: validavam a compra de crédito de vale-transporte para os cartões gerados de forma fraudulenta;
Descarregadores: permissionários que descarregavam os cartões nos ônibus; transformavam os créditos do vale-transporte em dinheiro em espécie.
Quem participava
Segundo as investigações, Pedro Jorge contava com o apoio de um analista de sistemas, que inseria no sistema do DFTrans as empresas inexistentes, e com o de outros funcionários do DFTrans, que atualizava senhas de acesso ao sistema.
O grupo descarregava os créditos dos cartões de vale-transporte nos validadores de ônibus que faziam trajetos rurais de forma sequencial e em linhas distintas. A última “equipe”, que transformava créditos fictícios em dinheiro em espécie, tinha pessoas físicas e jurídicas prestadoras do serviço de transporte público.
A garagem da Viação Pioneira, no Gama, foi alvo de buscas e apreensões. Também estão sendo presos advogados e permissionários de empresas que atuam na área rural.
Lista de crimes
Os integrantes do grupo criminoso são investigados pelos seguintes crimes:
Quadrilha ou bando (artigo 288)
Estelionado majorado (artigo 171, §3º)
Peculato (artigo 312)
Inserção de dados falsos em sistema de informação (artigo 313-A)
A Operação Trickster reúne mais de 300 policiais de duas grandes coordenações da Polícia Civil do DF: a de Combate ao Crime Organizado, ao Crime contra a Administração pública e contra a Ordem Tributária (Cecor) e a de Repressão a Fraudes (Corf).
Segundo a polícia, a ação recebeu esse nome porque na mitologia um trickster é um espírito que prega peças e desobedece regras e normas de comportamento.
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G1
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Brasil